D. TERESA

PONTE DE LIMA A TERRA E A GENTE !

sábado, 17 de maio de 2008

ANTÓNIO VIEIRA LISBOA - Poeta (1908-1968)

Se eu morresse amanhã

Se eu morresse amanhã

diria em minha Aldeia todo o povo:

«Uma pessoa assim tão sã

que pena!... Moço tão novo!»

E a boa gente em triste compostura

iria em passo lento e tom funério

Acompanhar-me à sepultura

do velho Cemitério

E o meu vizinho, filho d’Algo e perro

porque faz pó o meu buick lesto

de fraque preto iria ao meu enterro

cheio de si e do seu gesto.

E Aquela que a sorrir me dilacera

e torna a minha Vida quási vã

tinha remorsos do que me fizera

se eu morresse amanhã.

Mas eu morro de velho e à passagem

que todos digam em voz alta:

Feliz viagem.

Já não fazia falta.

Do livro: poemas de Amor e Dúvida, livraria Portugália, Lisboa 1941 (28,29)

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