D. TERESA

PONTE DE LIMA A TERRA E A GENTE !

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

O CENTENÁRIO DO REGICÍDIO



Recorda-se no dia 1 de Fevereiro o centenário do assassinato do Rei D. Carlos e do príncipe Herdeiro D. Luís Filipe (1908), na praça do comércio em Lisboa.
A autoria do crime foi atribuída aos carbonários Manuel Buiça e Alfredo Costa, que também acabaram mortos no mesmo local.
O regicídio sempre esteve envolvido por muito mistério policial, pois do ponto de vista politico, foi sempre muito claro o que aconteceu, o Rei e o seu filho foram mortos.
Inicialmente tido como um atentado anarquista, mas na verdade o acto, foi objecto de um minucioso plano e é o resultado de uma conspiração politica, com contornos de golpe de estado.
Na verdade, os dois indivíduos que foram mortos e identificados como regicidas, não eram únicos e possivelmente terá havido muitos outros, que nunca foram capturados, muito menos identificados, pois faziam parte de um grupo armado que se envolvera numa tentativa de golpe de Estado uma semana antes (28/1/1908), tinham recebido treino e as armas não eram vulgares, tratava-se de modernas carabinas adquiridas pelos chefes dessa revolução.
Para se procurar entender as razões para depor o rei, parece-me importante referir o papel que o mesmo desempenhava: O rei nessa altura, não governava, mas tinha o poder de nomear o primeiro-ministro, bem como os pares do reino, tinha ainda o poder para dissolver o parlamento sempre que entendesse, para alem disso, sabe-se que D. Carlos, discutia os elencos dos ministérios, discute uma grande parte das medidas do executivo, recebia os telegramas das embaixadas e por vezes, redige ele próprio as respostas, para alem de ter um predominante papel na defesa.
Nessa altura os governos sucedem-se, chegando mesmo a haver mais do que um governo por ano.
Por outro lado o reinado de D. Carlos, ficou marcado por dois momentos de crise politica: - No início, quando sucede a D. Luís (1889), encontra os dois grandes partidos (Progressista e Regenerador), muito fragilizados, não havendo respeito pelos chefes.
Por outro lado há que ter em conta a questão financeira e a questão das colónias, com o ultimato.
Ao nível interno, em 1906, Hintz Ribeiro e José Luciano de Castro, chefes dos dois principais partidos, chegavam a acordo e elaboravam uma lei que estabelecia um número fixo de membros para a Câmara dos pares do reino, o que na verdade lhes dava a possibilidade de serem os únicos com condições para governar.
D.Carlos deixa João Franco mudar a constituição por decreto, em Dezembro de 1907.
Com o fim da lei dos pares fixos, João Franco com a bênção de D.Carlos, nomeou novas caras para a câmara; Os que foram excluídos dos planos, ficaram irritadíssimos, alguns deles chegaram mesmo a juntar-se aos Republicanos, como foi o caso de António Maria da Silva.
Uma grande parte da imprensa estava contra o rei, os jornais por vezes eram suspensos, os opositores eram deportados, enfim estava criado o ambiente para que a conspiração se transformasse em revolução e foi isso que foi tentado em 28 de Janeiro de 1908.
Apesar desta derrota, (No dia 1 de Fevereiro de 1908, um sábado ensolarado, o Rei D. Carlos desembarca na estação fluvial da praça do Comércio, acompanhado da rainha D. Amélia e do príncipe real D. luís Filipe, pouco passava das 17 horas.
Esperavam-nos no local os infantes D. Manuel, D. Afonso e João Franco, outros políticos e muitos fidalgos… uma menina oferece um ramo de flores à rainha.
Forma— se o cortejo e a família real toma o lugar num landau aberto, a caminho do palácio das necessidades…ouve-se um tiro… depois rebenta uma” perfeita fuzilada”. Surge então outro indivíduo que sobe ao estribo esquerdo e dispara pelo menos dois tiros de pistola sobre o rei…)
Dois anos mais tarde, a 5 de Outubro de 1910, a monarquia exausta será derrotada pela triunfante Republica.




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